domingo, 24 de janeiro de 2010

Brasil: Ordem e Progresso - O País dos Caranguejos

Às vezes pode parecer pessimismo da minha parte, crítica à oposição, crítica ao governo, crítica aos empresários, crítica aos trabalhadores.
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Não se trata nada disso. Meu pessimismo é de caráter otimista, de alguém que olha para o mundo global e tenta aproveitar algumas oportunidades que o mundo novo nos oferece.
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Ao mesmo tempo, olho pra frase brasileira fincada na bandeira nacional e penso que caminhamos para um progresso, sem ordem.
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Nossa lentidão, em todos os níveis, trava nosso crescimento. Ao governo, por negociar com a base aliada e a oposição, muitas vezes falta arestas para cortar.
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Todos querem sua fatia, seja lá do que for, e ninguém está disposto a ceder. Empresários não cedem, governo não cede, oposição não cede, sindicatos não cedem. Todos têm adotado postura irredutível, inegociável.
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Enquanto isso, a China cresceu 8,9% em 2009. Suas reservas externas são trilhonárias. Estamos na porta da casa da moça, sem saber se ela está usando um vestido, e nos aguardando tocar a campainha, pra nos atender sorridente.
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Parece que muitas vezes andamos como os caranguejos, de lado. Não estamos retrocedendo, mas também não avançamos. E a economia global do século XXI não perdoa os lentos, os indecisos, os incapazes de tomar uma rápida decisão, e colocar a fila pra andar. A economia global do século XXI também não perdoa os caranguejos.
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É como se pensássemos em todas as possibilidades de risco pra ligar para aquela garota especial, e convidá-la pra sair no final de semana; enquanto isso, nosso pior pesadelo já ligou, agradou, e nessa altura do campeonato, eles já estão na fila do cinema, dividindo a mesma pipoca.
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Como disse, o mercado global tem no tempo seu grande aliado. Não permite burocracia, não permite discussões verborrágicas, não perdoa a falta de atitude. Queremos todos um país com uma economia de primeiro mundo, mas os interesses pessoais sempre prevalecem.
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Enquanto assim for, seremos sempre o pelotão do meio, meros coadjuvantes globais, disputaremos o resto. E parece que essa concepção está enraizada em nossa cultura, empedrada, um grande país, mas fornecedor de matéria prima, com produção tecnológica regional. Nos gabamos de nossa produção local, aceitamos liderar Venezuela, Bolívia, Paraguai, sem querer menosprezar esses países, mas como se isso fosse colocar nossas empresas na lista das 500 maiores empresas globais.
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Mas estamos longe dessa globalização, ainda, e infelizmente. Gostamos disso, do regional, queremos nos sobressair perante nossos vizinhos, mas sempre temos medo de atravessar a rua, e encarar o desconhecido.
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Qual a melhor reposta pra isso tudo e como virar o jogo? Não basta enxergarmos de forma global, precisamos agir de forma global, precisamos buscar novas propostas do outro lado da nossa rua. Precisamos deixar de querer competir com nosso vizinho, e talvez até devêssemos nos unir a ele, pra seguir por mares ainda não navegados por nós.
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O que nos une, e o que nos prende, pode ser nossa salvação. Alguns países, como a China, abriram suas portas para os investimentos. Outros países, como Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, entraram por essa porta.
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Hoje há um certo desequilíbrio na balança comercial internacional dos países ricos; mas amanhã, quando as coisas se acertarem, aonde estará o Brasil? Com as portas abertas aos estrangeiros? Estará com suas embarcações lá nos mares dos outros continentes? Ou ainda estaremos aqui, achando que plantar cana de açúcar será a salvação do mundo para o transporte, enquanto Japão, Estados Unidos e Alemanha investem pesadamente em energias alternativas a partir de novas tecnologias?
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Parece que aqui temos dois graves problemas: primeiro, sempre nos contentamos em mostrar as nossas compras para os nossos vizinhos, querendo fazer inveja do que acabamos de adquirir; e, segundo, acreditamos piamente que um dia iremos inventar a roda. Este é o Brasil, cuja bandeira está cravado: Ordem e Progresso...


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ano de 2010

São três meses sem escrever. Os últimos meses foram bastante exigentes, em relação há tomar meu tempo. E nas poucas horas vagas que tive, faltou-me inspiração. Tenho acompanhado um pouco de tudo, da política, da economia, da segurança pública, do entretenimento e cultura, e vejo um pouco de estagnação.

No fim de ano houve um crescente aumento das vendas, um pouco de expectativa e otimismo, que levou as pessoas a comprar. Moderadamente as pessoas abriram suas carteiras, e comprometeram suas economias.

O varejo agradece, mas, no geral, continuamos na mesma. Saramago está com um novo livro no mercado, "Caim", relendo os escritos bíblicos, como em "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", que foi um sucesso de crítica.

No cinema, "Avatar" chega com toda tecnologia disponível, e ainda não vista até então. Uma excelente produção cinematográfica, com um roteiro comum. Mas de primeira linha.

No Brasil, as enchentes no sul, em São Luiz do Paraitinga e Cunha, e em Angra dos Reis dividiram os noticiários com desmoronamentos típicos de um país de terceiro mundo, nos mostrando o quanto ainda somos incapazes de administrar a ocupação do solo, de conter a miséria, a falta de estrutura, deixando à mostra nossos incontáveis problemas de país sem desenvolvimento.

Nossa tragédia só não foi maior que a do Haiti, país mais pobre das Américas, que já não tinha estrutura alguma. Agora, o Brasil de olho no marketing internacional, tenta oferecer ajuda milionária, esboçando querer liderar a recuperação do país, enquanto internamente somos incapazes de resolver nossos problemas. Tudo jogo político.

E por falar em jogo político, os candidatos à sucessão presidencial começam a fazer o aquecimento dentro do vestiário. O jogo vai começar pra valer após o carnaval. Serra, de um lado, representando a ele mesmo, contra Dilma, representando a falta total de simpatia do povo, com propostas que iniciam com o novo programa de Direitos Humanos, um projeto que, acredito, não chegará a lugar algum. Só está gastando tempo.

Lula segue com a aprovação acima dos 80%, o que não significa nada para a próxima eleição, a não ser para ele próprio, que viu seu filme circular pelas salas de cinema na tentativa de ser algo parecido com a trajetória de "Dois Filhos de Francisco". Não sei quem assistiu ao filme, tampouco a crítica a respeito.

A violência cresce, meio silenciosa. Parece que a polícia está perdendo, diariamente, seu espaço para o crime organizado. Isso até todo mundo sabe. Mas o que ninguém sabe é até onde vai essa crescente violência. Aos poucos, desde algum tempo, a segurança privada vem ganhando espaço e mercado no Brasil, e no Mundo, na tentativa de reparar essa situação.

Não digo conter a violência, mas manter seguro quem pode pagar por proteção particular. Isso funciona em parte. Nem toda empresa está preparada para lidar com a prevenção à violência. Enquanto isso, locais fechados, como os Shoppings Centers, agradecem, pois vêem seu público aumentar cada vez mais, com o anseio de poder passear em um local seguro.

Ainda assim, há muita coisa fora do controle, como no caso do atentado terrorista em Angola, à seleção de futebol do Togo. Além dos ataques terroristas já habituais, como no Iraque, Afeganistão, e até a tentativa frustrada contra os Estados Unidos, dentro de um avião.

Na economia Global, a China ainda cresce a passos largos, mas seus dias de corredor olímpico estão chegando ao fim. Não que ela vá quebrar, mas daqui pra frente o ritmo de crescimento vai diminuir.

Enquanto isso, a Europa e o Japão tentam manter estáveis suas economias, que, até o momento, são bastante polpudas. Já os Estados Unidos buscam formas de se reinventar em todas as áreas, em todos os meios, de todas as formas.

Na América do Sul, o Chile e a Argentina apresentam bons índices de crescimento, boa estrutura e plataforma de crescimento, além de altos índices educacionais, ao Chile principalmente.

Por fim, a tecnologia está avançando cada vez mais; a internet, os meios de comunicação, a televisão digital, os carros computadorizados, as construções do século XXI. Crescem e se ramificam para todas as áreas, como a saúde, a educação, o transporte público. Mas ainda restrita a quem pode pagar. Como sempre, a modernidade chega por partes, em poucas partes, e somente com o passar do tempo começa a se disseminar e chegar à grande massa.

No mais, parece-me tudo como antes. O Brasil buscando um lugar ao sol, tentando encostar-se às grandes economias globais, e os demais como sempre, buscando manter o seu pão de cada dia. Quanto a mim, ainda estou absorvendo os acontecimentos, pra direcionar os meus próprios passos.