domingo, 26 de julho de 2009

O Brasil versus a Economia Global I - Transporte Rodoviário

Quando olhamos as estimativas de crescimento dos países, após o tsunami que foi a crise global iniciada em 2008, temos nos deparado constantemente com uma projeção brasileira do PIB em torno de U$ 2,0 trilhões a U$ 2,5 trilhões de dólares, para o ano de 2020. Se esses dados se concretizarem, a economia brasileira será menor apenas que a dos Estados Unidos, Japão, China e Alemanha. Sim, nós temos condições de ser uma das cinco maiores economias do planeta. E em apenas dez anos.

Esses dados nos fazem refletir bastante e pensar no que isso significa. Por exemplo, ao olharmos para a infra-estrutura brasileira, enxergamos que ainda há muito por fazer. Todos sabemos que são muitos os problemas, mas antes de citá-los, e começar aqui uma sabatina aos políticos e a nossa história de democracia deficiente, prefiro, como empresário e cidadão que busca ter consciência do que é desenvolvimento econômico, enxergar quais são os potenciais disponíveis para investirmos, as áreas que estão em pleno crescimento, e encontrar oportunidades para trabalho.

Vejo muita gente criticando, mas acredito que quem quer de fato fazer algo não fica lamentando pelos cantos. "Arregaça as mangas e vai à luta". Foi assim que países como os Estados Unidos, Japão, Alemanha e França fizeram para crescer: trabalhando, arriscando, investindo, quebrando a cara e aprendendo a levantar para se tornarem altamente industrializados.

Países em desenvolvimento, como China, Índia, Rússia e o próprio Brasil têm necessidades básicas que precisam ser corrigidas, para se posicionarem como potências, de fato, industrializadas. E isso, nessa altura do campeonato, pode ser encarado de forma positiva.

Um exemplo disso está em nossas rodovias. O Brasil tem hoje cerca de 1.800.000 quilômetros de estradas e rodovias. Desse total, apenas 200.000 quilômetros são pavimentadas, e a grande maioria, cerca de 1.600.000 quilômetros, são sem pavimentação (sim, as nossas intermináveis estradas de terra).

Logo, imaginamos que há muito trabalho a ser feito, e muita coisa a ser construída. E para quem viaja de carro pelo Brasil hoje, não é difícil se deparar com os inúmeros canteiros de obra, ao longo de milhares de quilômetros de novas rodovias, que estão a surgir.

Um exemplo disso está na duplicação das rodovias entre Curitiba e Porto Alegre. Para percorrer a distância total são cerca de 700 quilômetros. A maior parte já está pronta, a começar por Curitiba até Florianópolis; são cerca de 300 quilômetros duplicados. Também pronta há bastante tempo está a Freeway, rodovia duplicada do Rio Grande do Sul que liga parte do interior até a capital, Porto Alegre. No meio do caminho está o ponto crítico: são cerca de 300 quilômetros que estão em obras de inicialização ou finalização. Uma parceria entre empresas públicas e privadas que tem dado resultado.

Aproveitando este gancho sobre parceria público-privado, as PPPs, acredito que a função do Estado seja definir os projetos e supervisionar as ações, e cabe exclusivamente às empresas privadas a função de execução. Ao contrário do que muita gente imagina, as licitações são sim um meio extremamente eficiente de compra e venda que o governo utiliza. Não é o sistema que apresenta problemas, mas sim algumas pessoas que o operam ou empresas que dele fazem parte.

Outro entroncamento importante, o trecho Rio de Janeiro até Salvador, com uma distância de 1.600 quilômetros aproximadamente, carece urgentemente de duplicação. Parte desse projeto está sendo colocado em prática. A partir do momento em que houver uma duplicação concreta ali, teremos um aumento do escoamento de cargas, redução do congestionamento e tempo de viagem, além de um grande potencial de exploração do turismo na região, realizado por automóveis.

Sem contar o número de vagas de emprego e movimento da economia que irá gerar. Tudo isso é benefício a favor do próprio país, da própria população. Em uma área tão carente, como a do interior do Rio de Janeiro, do Espirito Santo e da Bahia, a contratação de um grande número de trabalhadores ali significa mais alimento na mesa do brasileiro, sem a demagogia dos cartões de auxílio à miséria.

Contudo, o maior exemplo de desenvolvimento vem da Rodovia Presidente Dutra, que liga a cidade de São Paulo a cidade do Rio de Janeiro. São 402 quilômetros daquela que é a rodovia com maior fluxo de veículos diários, cerca de 500.000. Responsável por ligar as duas maiores e mais importantes regiões produtivas do país, a Dutra, como é conhecida popularmente, leva progresso e desenvolvimento em toda sua extensão. Facilita, por exemplo, o escoamento da produção industrial da rica e desenvolvida cidade de São José dos Campos junto a São Paulo, ao porto de Santos e a outros estados brasileiros.

Porém, quando viajamos pelo interior do país, sentimos uma grande diferença de desenvolvimento. Rodovias em condições péssimas, em diversos trechos. A falta de sinalização, de segurança e de áreas de proteção são situações rotineiras. Contudo, aos poucos, a iniciativa privada está assumindo a responsabilidade de conservação das vias, em parceria com o Estado, o que irá melhorar, e muito, as suas atuais condições de uso.

Só que andando por aí, é comum, infelizmente, ouvir muita gente reclamando das rodovias pedagiadas. Porém, precisamos olhar as coisas por outro lado, e com outros olhos, e entender um pouco como as coisas funcionam. Tal prática de pedágio é bastante comum nos Estados Unidos e Europa. Afinal de contas, para manter um país funcionando, é preciso manutenção constante.

Mais ainda. Em São Paulo, estado brasileiro que possui as melhores condições das Rodovias e o maior número de quilômetros pedagiados, a qualidade do asfalto é muito boa. Além de oferecer melhor segurança para se trafegar, com maior controle na prevenção de acidentes, e atendimento eficiente em caso de colisões e acidentes graves, tem-se muito mais rapidez no fluxo do trânsito. Sem contar que a maioria dessas rodovias é monitorada por câmeras, o que facilita na identificação de acidentes, roubos, ou qualquer outro problema que ocorra. Logo, o sistema logístico é o melhor, mais eficiente e com maior quantidade de carga transportada da América Latina.

Por falar em roubo de cargas, de verdade nos deparamos com um problema grave em todo o país. Mas, através de recursos tecnológicos, como o monitoramento por câmeras, controle de deslocamento por GPS, e o sistema de desligamento automático do motor do veículo em caso de situação suspeita, as empresas passam a ter um controle maior da segurança de sua frota e da mercadoria transportada, além de terem condições de realizarem uma maior prevenção contra os crimes. E é claro que os custos com esses recursos são incorporados ao preço de nossos produtos e serviços, e sabemos bem disso quando entramos nos estabelecimentos comerciais ou pagamos a conta no fim do mês.

Ainda assim, as empresas e a sociedade em geral esperam uma atitude mais ostensiva do policiamento rodoviário no combate a criminalidade, afinal de contas, a função dos órgãos de segurança é manter o controle social em equilíbrio. E o Estado tem se preparado para isso. Investindo não só em viaturas e no aumento do seu corpo efetivo, mas investindo principalmente em treinamento e em novos recursos tecnológicos.

Hoje, nos deparamos com um país em profunda transformação. As empresas estão fazendo seu papel, assim como o Estado. Cabe a população, assim como os meios de comunicação, monitorar, cobrar e acompanhar cada uma dessas ações.

Cada indivíduo tem a obrigação de acompanhar, cobrar, reclamar, fazer valer a sua voz, seu voto e seu dinheiro pago em imposto e taxas diversas. Afinal, um país se constrói não somente com as mãos do governo ou das empresas. Um país se constrói com cada mão de cada cidadão que ali habita. E é de responsabilidade de todos construir o desenvolvimento, pois é um direito de cada brasileiro viver em um país mais justo, igualitário e com condições dignas de sobrevivência.



sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Desconstrução da Comunicação e do Marketing Tradicional: Navegar é preciso; viver não preciso.

Quero abordar um tema recorrente dos anos 1980 e 1990, em que se dizia que as empresas prezavam compreender o comportamento do cliente, conhecer seu produto a fundo, as necessidades do mercado, e, se quisessem sobreviver, deveriam desenvolver um marketing diferenciado para ter destaque e ser referência positiva no mundo dos negócios.

Como professor e profissional de marketing (não sei se considero isso passado, pois hoje estou a me re-descobrir enquanto profissional) estou olhando ao longo dos anos que se passaram e vendo (aqui vou ter que ser repetitivo) como as coisas, as empresas, os produtos, as pessoas e o mundo em geral têm se modificado rápido.

E entendo, num primeiro olhar, que a comunicação e o marketing nunca estiveram tão presentes na vida das empresas, como nos dias de hoje. A começar pela internet. Além de apresentar as maiores inovações em termos de propaganda, ela vai muito além, construindo um novo conceito para divulgação de forma realmente interativa. Domina os contatos entre clientes-empresas, é porta de entrada e saída para a divulgação e o conhecimento de produtos e serviços, e através de sites, blogs e twitter permite que todos sem exceção possam participar de seu processo de desenvolvimento.

Hoje, mais do que em qualquer outra época da história da humanidade, o processo de comunicação está em seu ápice. São inúmeros os meios para que todos possam se comunicar, sejam entre clientes e empresas, ou mesmo entre clientes e clientes. Sim, para o temor das empresas, os clientes de uma empresa, produto e serviço, estão conectados 24 horas por dia, trocando todo tipo de informação.

O twitter, por exemplo, é um rápido meio de comunicação, é usado para divulgar produtos, serviços, filmes de cinema, shows de música, lançamento de campanhas promocionais, comentários e acontecimentos de esporte, ou comentários sobre qualquer outra coisa.

Ainda sobre o cinema, os estúdios estão extremamente preocupados com os seus lançamentos mais importantes. Em um único final de semana, de acordo com a repercussão dos comentários de um filme em blogs ou twitter, seu sucesso de bilheteria, ou seu fracasso total podem ser decididos em poucas palavaras, logo em sua primeira semana de estréia. O que se fazer numa hora dessas? Bons e divertidos filmes, é claro. Assim, terão menos chance de ter comentários negativos.

Mas é claro que não é bem assim. Nem sempre um comentário geral, seja positivo ou negativo, revela o que de fato o filme representa. O mesmo vale para as demais coisas, produtos, serviços, etc. Senão, teremos uma enxurrada de lançamentos de filmes repetitivos, que estamos cansados de assistir, sempre com os mesmos finais, com os mesmos efeitos, com os mesmos heróis. E olha que há muito tempo tem sido assim.

Só que, de uma forma geral, as vozes que não encontraram dimensão maior para ecoar, como nos grandes meios de comunicação, agora podem fazer isso em blogs e twitters particulares. Muitas vezes, eu prefiro saber da opinião de um amigo que foi ver a um determinado filme, pois eu o conheço e sei de seus gostos e comentários, do que ler a opinião de um comentarista de um grande veículo de comunicação, que eu nem sei quem é.

E um grande número de empresas sabe disso, e está se movendo de forma diferente; quer dizer, estão pensando de forma diferente, criando abordagens diferentes para se chegar ao seu cliente, ao seu público. E o mesmo vale para estudar, compreender e acompanhar os concorrentes.

Com a internet, veio junto a possibilidade de todos terem voz. E o mais interessante é que algumas empresas enxergaram isso e estão tirando muito proveito dessas ricas ferramentas. E acho que esse é o grande divisor de águas. Até pouco tempo atrás, os comentários que valiam eram apenas os de um conceituado crítico de um meio de comunicação de massa. Hoje, o que vale é o que os meus grupos e comunidades da internet estão dizendo, pessoas iguais a mim, sem nenhuma bandeira, marca ou instituição por trás, além da minha própria voz, é claro.

Internamente, a empresa acompanha as mudanças. Hoje, equipes conseguem discutir assuntos, montar projetos e fazer planejamento de forma muito mais precisa e eficiente, e sem precisar dividir a mesma sala de reunião. O valor imensurável das teleconferências é tão grande, que além de funionarem de verdade de forma mais rápida, são mais econômicas e interativas.

Por tudo isso, acredito que o marketing que vá funcionar no século XXI seja aquele em que a abordagem seja individual e ao mesmo tempo em grupo, mas fundamentalmente que proporcione a interação entre empresas e seus grupos de consumidores, e que troque essas informações virtualmente. Sem contar os novos grupos de consumidores/usuários que estão a surgir em cada fórum de discussão online.

Outro fator importante é a possibilidade de usar a internet como voz para seu cliente, tendo a possibilidade de fazer uma análise de mercado bem mais profunda. Quando realizamos uma pesquisa com um grupo de pessoas em uma sala, ao olharmos nos olhos de cada um, nem sempre ouvimos a verdade. Em parte, porque quando estamos em grupo, é mais fácil concordarmos com os demais, para não parecer um estranho no ninho, assim como não temos a coragem necessária de criticar uma pessoa, ou o seu produto, olhando diretamente em seus olhos, ainda mais se tivermos um grupo de desconhecidos ao nosso lado.

Já quando estamos na internet, no aconchego de nossa sala de trabalho, ou de nossa casa, tendemos a nos sentir mais à vontade, mais confiantes, então podemos dizer aberta e verdadeiramente o que pensamos. Afinal, não precisamos encarar diretamente o outro, e ainda nos sentimos protegidos por estarmos em nosso habitat natural. Sim, gritar pela internet nos dá uma sensação de segurança.

Por conta dessas e de outras razões, sei que os processos de marketing e de comunicação estão hoje em alta, sim senhor. Mas não mais em sua forma tradicional, burocrática, enfadonha, teórica, riscada em um case. Para encontrar o sucesso no século XXI, antes de mais nada, é preciso matar e enterrar o tradicional marketing praticado no século passado.

Porém, é preciso acompanhar a evolução do mundo, conhecer outras empresas, concorrentes, outros países, pesquisar muito e estudar a tecnologia da informação mais ainda; arriscar, participar, fazer sua voz ecoar por vários cantos, é preciso, acima de tudo, navegar. Para mim, o poema de Fernando Pessoa nunca foi tão famoso, e se faz presente ainda mais e mais a cada dia em que construímos nossas novas estratégias de comunicação e marketing: “navegar é preciso, viver não é preciso”.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Uma perspectiva sobre a Criminalidade


Fico imaginando uma série de perguntas a respeito de segurança pública, direitos humanos, valores sociais e morais. Vejo as pessoas em geral, a mídia, e os políticos dizendo que nós estamos perdendo o controle da situação, mas qual situação exatamente?

Muito se tem falado sobre o aumento da criminalidade no Brasil, do aumento do crime organizado, do uso da tecnologia e de armamento pesado por parte de quadrilhas, porém, antes de qualquer afirmação, precisamos entender a sociedade de ontem, compará-la com a sociedade de hoje, para saber se o aumento do número de pessoas (sua população como um todo) acompanha o aumento dos números da criminalidade em maior ou menor escala.

Em seguida, precisamos mapear os ambientes de cada parte envolvida nessa história: do criminoso, a sua estrutura familiar, social, cultural, educacional e política. Por parte da vítima (se é que seja adequado usar este termo), mapear os seus ambientes, seus valores sociais, familiares, culturais, políticos e educacionais. Por fim, visualizar claramente os dois ambientes, os momentos em que eles se confluem e se confundem, e a resultante que vem em seguida.

Ao término, precisamos entender o papel do Estado, das Secretarias de Segurança Pública, da Polícia e como a interação de ações podem surtir efeitos positivos na redução ou controle da criminalidade.

O certo é que falar sobre a violência aumenta o ibope na televisão; quando um político assume os dados da violência recebe mais votos, pois demonstra estar ciente do problema e não quer jogar sujeira para debaixo do tapete. Mas o que isso resolve?

Países como os Estados Unidos e Inglaterra têm se destacado por conseguir reduzir os números de criminalidade consideravelmente. Com recursos tecnológicos e uma postura rígida, aplicam a tolerância zero para o combate ao crime. Porém, é necessário conhecer mais de perto as estratégias adotadas ali.

Países como a Noruega, Dinamarca e o Japão estão entre os mais seguros historicamente, em que os índices de criminalidade não são a maior ameaça de suas sociedades, pelo contrário. Quais são as razões, então, dessas situações tão positivas? Contudo, ao olhar a história da formação desses países, a violência fez parte da formação do Estado, ou não?

Quando focamos para o desenrolar do contexto histórico, enxergamos a questão da violência por uma ótica diferente. A própria Dinamarca, por exemplo: na Idade Média, através dos Vikings, recortaram a Europa com invasões, guerrearam por duzentos anos com a Suécia e empregaram a violência contra várias nações. Somente em 1864, quando então derrotada pela Prússia, é que reduziu seus avanços contra o restante europeu, passando a adotar um comportamento mais pacífico.

Por outro lado, temos exemplos espantosos, no sentido positivo. A Noruega é um desses casos: seus índices de violência são extremamente baixos. Em dados publicados este ano (2009), tem-se o incrível número de 45 mortos por anos, em conseqüência da criminalidade. A fonte é do Statistisk Sentralbyrå (Instituto Nacional de Estatística da Noruega), tomando 2006 como o ano de referência. Ainda, segundo os dados deste Instituto, foram 20 homens e 25 mulheres. Apesar de se tratar de um país com apenas 5 milhões de habitantes, o índice é espetacular.

Só para termos uma dimensão do Brasil, em 2004 tivemos 48.000 mortes por conta da criminalidade. Tomando outra referência, para fim de comparação, acompanhemos os dados do Iraque, país em Guerra Interna e invadido pelos Estados Unidos. De 2004 a 2006 (três anos) foram 40.000 mortos no total. Ou seja, nosso índice de criminalidade mata mais em um ano, do que três anos de Guerra no Iraque.

Ainda dentro desse parâmetro, um absurdo ainda maior é o de que somente no Estado de São Paulo, em 1999 foram registrados 12.818 homicídios dolosos (em que se houve a intenção de matar). Em 2008, por conta dos reflexos da Guerra, morreram 9.214 pessoas no Iraque, seja por conflitos, por explosões de carros-bomba, homens-bomba ou qualquer outro meio violento.

Hoje, 2009, os índices de homicídios em São Paulo caíram, é verdade. E numa proporção até que satisfatória, conforme mostram vários dados estatísticos. De 2000 para 2009, os índices caíram 70%, de acordo com vários órgãos públicos. Logo, temos que levar em conta os meios utilizados para tal redução, compreendê-los e melhorá-los ainda mais.

Aqui segue apenas um esboço das minhas primeiras reflexões sobre o mapa da violência. É a partir desse esboço, e apoiado em dados concretos, que iniciarei meu livro. Apesar de nos depararmos com uma situação caótica, acredito, sem margem de dúvida, que podemos ter um equilíbrio social maior, e uma melhor qualidade de vida.


sexta-feira, 10 de julho de 2009

Algumas reflexões e considerações sobre lançamento literário

Foto do Teatro Ópera de Árame, Curitiba, Paraná.


Estou prestes a publicar alguns livros no mercado. Tanto Literatura, como Livros Técnicos. A parte técnica é resultado e necessidade do meu trabalho, é uma ferramenta que uso nos cursos, e imaginei que, se eu pudesse unir um pouco de tudo aquilo que faço, talvez encontrasse um meio para não só divulgar meu trabalho, bem como facilitar a realização dos cursos, no dia-a-dia.

Quanto a parte literária, é um lado que pretendo resgatar. Sem maiores pretensões, senão me divertir um pouco escrevendo. Na verdade, um já foi lançado, trata-se de um romance. Eu o lancei há cerca de onze anos, mas fiz algumas alterações ao longo do tempo para torná-lo um texto mais ágil. O título é Bordéis de Areia. Algum tempo depois eu o tornei uma peça de teatro, enfim, veremos como será.

Ainda dentro da literatura há também um livro de contos, Janelas para Babilônia, sendo que três contos dali receberam alguns prêmios de literatura, coisa simples, mas que estão compilados em uma única obra e que ainda não foi lançado. Acho que sua hora talvez esteja chegando. Um dos contos também foi adaptado, por mim mesmo, para o teatro em um monólogo, com o nome de Babilônia em Cânticos, e foi uma experiência ímpar.

Os outros três são livros técnicos, em que os utilizarei para alguns cursos da Unifel. O primeiro deles fala sobre Língua Portuguesa e Redação Profissional, voltado para profissionais que precisam da escrita no dia a dia de trabalho, é bem prático, simples e objetivo.

O segundo dessa linha se trata de uma compilação de dez áreas profissionais, utilizado em nossos cursos in company. Seu título é Extremo Desempenho através da Qualificação Profissional, e aborda desde recursos humanos e comportamento em grupo, passando por comunicação e marketing, estratégia, tecnologia da comunicação, e gestão do conhecimento.

Por fim, o terceiro livro, também voltado para os cursos da Unifel, em especial pretendo utilizá-lo para os cursos de formação que faremos em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, a Prefeitura Municipal de Vitória, algumas Universidades do Espírito Santo, e o Governo do Estado do Paraná, cujo título será O Ser versus o Social, e aborda Direitos Humanos, O papel Social de Cada Um, a Violência Urbana versus a Educação, A Formação da Juventude e a Criminalidade, e O Impacto do Trânsito e o seu Reflexo Social.

Estou escrevendo aqui em meu blog para tomar coragem sobre a questão do lançamento. Já disse, não tenho pretensões a respeito disso, a não ser aproveitar o espaço que tiver para falar um pouco do que vivo no dia-a-dia de trabalho, aquilo que vejo, que sinto, que faço. Espero que o público aprecie.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Em Busca do Elo Perdido – da Segunda Guerra Mundial à Queda do Muro de Berlin, tudo começa e termina na Internet.


O dia é 06 de agosto de 1945. Sob o mar do Pacífico, três aeronaves norte-americanas sobrevoam o espaço aéreo japonês, em busca do elo perdido. No controle de radar, os japoneses imaginam se tratar de uma expedição de identificação norte-americana, e não tomam conhecimento maior do fato. Eles evitam mandar seus aviões interceptarem as aeronaves estrangeiras para economizar combustível, uma vez que a guerra se tornou lenta e passou a consumir muito dinheiro.

Porém, um dos três aviões norte-americanos é um B-29, batizado com o nome de Enola Gay – nome este em memória da mãe de seu comandante e líder da operação, o Capitão Paul Tibbets. Trata-se de uma expedição disposta a por fim na segunda guerra mundial, a um custo extremamente caro, mas, segundo seus arquitetos, um mal necessário. Às 8 horas, 15 minutos e 17 segundos eles sobrevoam a cidade de Hiroshima e lançam a primeira bomba atômica disparada no mundo.

O impacto da explosão, e a alta temperatura que emerge fazem com que o asfalto e o aço queimem feito papel, segundo a descrição de vítimas sobreviventes. Cerca de oitenta mil pessoas morrem instantaneamente.

Tal atitude extremamente agressiva fora justificada pelo fato de o Japão não ter a menor intenção em por um ponto final na Guerra, naquele momento, e, segundo os especialistas da época que autorizaram o uso da bomba nuclear, se a guerra continuasse, milhões de pessoas inocentes continuariam a morrer.

Provocado a se render, o Japão se nega veemente. Então, no dia 09 de agosto de 1945, a mesma situação se repete, só que em local diferente. Uma equipe norte-americana, com três aeronaves, sobrevoa outra cidade japonesa, agora Nagasaki. Novamente os japoneses imaginam se tratar de um vôo de reconhecimento, por parte dos norte-americanos. E novamente outra bomba atômica é lançada, matando milhares de pessoas imediatamente. Horas depois o Japão se rende, e a segunda guerra mundial chega ao final.

Não cabe aqui reconstituir o que provocou a segunda guerra, iniciada pelos alemães com a invasão da Polônia, em 1939. A Guerra é algo cruel, arrasador e desumano, e todas as justificativas de ambos os lados não são suficientes para aconchegar os familiares dos mortos. Nem tampouco os monumentos da paz em memória dos que perderam a vida em combate são suficientes para justificar os fins.

Entretanto, importa, aqui, o impacto do pós-guerra. As bombas lançadas sob as cidades japonesas representaram muito mais do que um avanço tecnológico militar. Determinaram os caminhos que a economia global viria a tomar nas décadas seguintes.

O desenho da economia global atual vem das conseqüências da Segunda Guerra. Quando a Europa foi redesenhada a partir dos escombros que ficaram como herança do pós-guerra, tendo o Reino Unido e a França, antigos inimigos e então parceiros aliados – como líderes, surgia uma gigante potência do outro lado do Oceano, que estava apta e com plenas condições de assumir a hegemonia econômica global, formada pelos Estados Unidos da América.

Responsável por desenvolver grande parte da tecnologia para a segunda guerra, e fornecer suprimentos e recursos necessários para auxiliar a Europa a se reconstruir, os Estados Unidos ditaram o novo modelo econômico a ser seguido a partir daquele ponto. O fato de não ter um país devastado estruturalmente pela guerra, colocava-o em situação ímpar.

Ao mesmo tempo, outra potência – neste caso militar, formada pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), assume o papel de antagonista dos Estados Unidos, difundindo o Socialismo e dando início ao que ficou conhecido como Guerra Fria.

Uma luta travada entre dois sistemas econômicos, envolvendo questões financeiras, políticas e militares. De um lado o Capitalismo, com o poder centrado no processo de produção, nos lucros e na expansão econômica, gerenciado por grupos e empresas, e tendo o Estado como órgão regulador. Do outro lado, o Socialismo, em que o Estado assume o papel proprietário, controlando o sistema de produção e a regulação do lucro.

Com o término da Segunda Guerra, e com a morte e queda do governo alemão de Adolf Hitler, a própria Alemanha se vê dividida em duas partes: a Alemanha Ocidental, com relacionamento próximo dos países capitalistas europeus, e a Alemanha Oriental, socialista, e que passa a fazer parte do bloco liderado pela URSS, até então sua inimiga por conta da guerra.

Contudo, o pós-segunda guerra reflete em todo o globo terrestre. Na América Latina do pós-guerra ocorrem as ditaduras militares, intervenções do Estado diante da soberania política, na tentativa de evitar que seus países passem a aderir ao sistema socialista da URSS. A maioria dos países latinos é financiada pelos EUA, para conter a propagação do regime soviético.

Em 1950, a Coréia, pequeno país asiático, inicia um conflito interno. País dividido em norte (comunista, amparado pelos chineses e soviéticos) e sul (amparado pelos norte-americanos e aliados), os coreanos batalham por três longos anos, para tentar impor um sistema unificado de governo.

Inicialmente, a Coréia do Norte invade a Coréia do Sul, na tentativa de expandir o regime comunista. Contudo, as Nações Unidas, lideradas pelos Estados Unidos, enviam tropas de exército em apoio aos sul-coreanos, fazendo seus adversários norte-coreanos – juntamente com os aliados chineses, se renderem em 1953.

Após mais de cinqüenta anos do cessar fogo, em pleno século XXI, ambos os países ainda não assinaram um tratado de paz. Recentemente a Coréia do Norte tem aparecido nos meios de comunicação por conta de seus testes nucleares. Entretanto, sua situação econômica atual é péssima, diferente da Coréia do Sul, que goza de uma excelente reputação na educação, é altamente industrializado e tem um produto interno bruto per capita elevado, acima dos U$ 10 mil dólares.

Em 1959, o Vietnã, outro país asiático dividido em Vietnã do Norte, com regime comunista e apoiado pela URSS, e o Vietnã do Sul, com regime capitalista e apoiado pelos Estados Unidos entram em guerra. O Vietnã comunista avança suas tropas para assumirem o controle da porção sul do país, e os Estados Unidos, que atuavam da Guerra com apoio à parte Sul, se viram obrigados a se retirar do conflito. Desta forma, o Vietnã assume totalmente o regime comunista, apoiado pela URSS.

Em Cuba, no ano de 1959, Fidel Castro, lidera uma força revolucionária, que conta com a participação do argentino Ernesto Guevara de la Serna, conhecido mundialmente por Che Guevara, e provoca a queda do ditador cubano Fulgêncio Batista – que abandona o país em 1º de janeiro deste ano.

O ponto interessante desta história é que na ocasião da Revolução, Fidel não era um comunista, mas sim Fulgêncio, que inclusive era apoiado pela URSS. Como resultado dessa revolução, foi instalada uma ditadura imposta por Fidel, que se mantém até os dias de hoje. Porém, em 19 de fevereiro de 2008, Fidel renuncia ao governo por problemas de saúde, mas transfere o poder para as mãos de seu irmão, Raúl Castro. Historicamente, Raul foi eleito pela Assembléia Nacional de Cuba.

No Brasil, estoura o golpe militar em 1964, com a queda do então presidente João Goulart, para a posse do General Humberto de Alencar Castelo Branco. A explicação para tal ato fora a de que João Goulart estaria se preparando para entregar o Brasil “nas mãos de soviéticos”, transformando o país em um regime socialista. O Golpe teve apoio da Sociedade Civil, da Igreja, e de empresários de diversos setores, além do apoio do governo norte-americano.

E é na Alemanha que a Europa tem o principal acontecimento deste momento histórico: a construção do Muro de Berlin, em 13 de agosto de 1961. Este ato significa uma ruptura total dentro da própria Alemanha, uma tensão dentro de uma única nação e ainda um reflexo conturbado do que ainda seria a Europa naquele instante.

Ao mesmo tempo em que se armavam para a Guerra Global, países socialistas viam, dia após dia, suas economias se distanciarem da realidade tecnológica do mundo capitalista, liderado pelos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Não possuíam empresas multinacionais com força econômica, não dominavam tipos diferentes de tecnologia - a não ser as relacionadas às guerras e à tecnologia espacial, e não tinham capital suficiente para disputar espaço no mundo real.

Por outro lado, o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos salta ano após ano para cima, suas multinacionais se tornam cada vez mais fortes e influentes, e seu modo de vida é cada vez mais propagado. Empresas como McDonald´s e Coca-Cola são referências quase divinas ao redor do mundo. Nos anos 1960, eles desenvolvem a internet como meio de troca de informação rápida, para combater os russos na Guerra Fria, e nos anos 1970 já começam a utilizar o telefone celular para realizar ligações.

A partir daí, o mundo todo passa a se transformar cada vez mais rápido. E nos anos 1980, iniciam as grandes transformações políticas. No Brasil, chega ao fim a ditadura militar, no ano de 1985. Na Alemanha, em 9 de novembro de 1989, ocorre o maior acontecimento de todos, a “queda do Muro de Berlim”, praticamente encerrando a Guerra Fria, tornando a Alemanha uma única nação, abandonando o lado socialista.

Em setembro de 1991, outro feito importante, é decretado o fim da URSS, com a dissolução das repúblicas soviéticas. Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia agora são países independentes, que lutam por suas economias, pelo seu sustento e pelo próprio desenvolvimento.

Países até então socialistas passam a se aproximar do bloco capitalista; aos poucos a televisão, o computador, a internet e a telefonia passam a colocar o mundo em comunicação plena, encurtando distâncias. O modelo de vida propagado pelos Estados Unidos, de consumo excessivo, desenvolvimento da carreira profissional e o status social passam a despertar no restante do mundo a mesma vontade.

Tudo passa a ser resultado do marketing, valorização das ações na bolsa de valores, todos querem ter uma boa estratégia de negócios, uma boa imagem, um bom produto ou serviço, e um atendimento diferenciado. Produtos e serviços passam a ser personalizados, os valores sociais passam a ter um teor diferente, surgem novas realidades, novos formatos de família, a vida solitária crescendo cada vez mais.

Quando passamos pela porta do século XXI, adentramos à era da tecnologia digital, das telecomunicações integradas à informática, da robótica, da nanotecnologia. A maior guerra de hoje é a da conquista por um lugar ao sol. Somos, todos do globo terrestre, conseqüência dos acontecimentos da segunda grande guerra.

O mais importa é tirarmos uma grande lição de tudo que aconteceu nos últimos sessenta anos, e aplicarmos os ensinamentos em nosso dia a dia pra construirmos uma sociedade melhor, um mundo mais justo, mais igual. A tecnologia que hoje dispomos, permite isso. Basta que cada um faça sua parte. Afinal, somos efeitos da globalização.

Escrito por Alberto Granato.