terça-feira, 7 de julho de 2009

Em Busca do Elo Perdido – da Segunda Guerra Mundial à Queda do Muro de Berlin, tudo começa e termina na Internet.


O dia é 06 de agosto de 1945. Sob o mar do Pacífico, três aeronaves norte-americanas sobrevoam o espaço aéreo japonês, em busca do elo perdido. No controle de radar, os japoneses imaginam se tratar de uma expedição de identificação norte-americana, e não tomam conhecimento maior do fato. Eles evitam mandar seus aviões interceptarem as aeronaves estrangeiras para economizar combustível, uma vez que a guerra se tornou lenta e passou a consumir muito dinheiro.

Porém, um dos três aviões norte-americanos é um B-29, batizado com o nome de Enola Gay – nome este em memória da mãe de seu comandante e líder da operação, o Capitão Paul Tibbets. Trata-se de uma expedição disposta a por fim na segunda guerra mundial, a um custo extremamente caro, mas, segundo seus arquitetos, um mal necessário. Às 8 horas, 15 minutos e 17 segundos eles sobrevoam a cidade de Hiroshima e lançam a primeira bomba atômica disparada no mundo.

O impacto da explosão, e a alta temperatura que emerge fazem com que o asfalto e o aço queimem feito papel, segundo a descrição de vítimas sobreviventes. Cerca de oitenta mil pessoas morrem instantaneamente.

Tal atitude extremamente agressiva fora justificada pelo fato de o Japão não ter a menor intenção em por um ponto final na Guerra, naquele momento, e, segundo os especialistas da época que autorizaram o uso da bomba nuclear, se a guerra continuasse, milhões de pessoas inocentes continuariam a morrer.

Provocado a se render, o Japão se nega veemente. Então, no dia 09 de agosto de 1945, a mesma situação se repete, só que em local diferente. Uma equipe norte-americana, com três aeronaves, sobrevoa outra cidade japonesa, agora Nagasaki. Novamente os japoneses imaginam se tratar de um vôo de reconhecimento, por parte dos norte-americanos. E novamente outra bomba atômica é lançada, matando milhares de pessoas imediatamente. Horas depois o Japão se rende, e a segunda guerra mundial chega ao final.

Não cabe aqui reconstituir o que provocou a segunda guerra, iniciada pelos alemães com a invasão da Polônia, em 1939. A Guerra é algo cruel, arrasador e desumano, e todas as justificativas de ambos os lados não são suficientes para aconchegar os familiares dos mortos. Nem tampouco os monumentos da paz em memória dos que perderam a vida em combate são suficientes para justificar os fins.

Entretanto, importa, aqui, o impacto do pós-guerra. As bombas lançadas sob as cidades japonesas representaram muito mais do que um avanço tecnológico militar. Determinaram os caminhos que a economia global viria a tomar nas décadas seguintes.

O desenho da economia global atual vem das conseqüências da Segunda Guerra. Quando a Europa foi redesenhada a partir dos escombros que ficaram como herança do pós-guerra, tendo o Reino Unido e a França, antigos inimigos e então parceiros aliados – como líderes, surgia uma gigante potência do outro lado do Oceano, que estava apta e com plenas condições de assumir a hegemonia econômica global, formada pelos Estados Unidos da América.

Responsável por desenvolver grande parte da tecnologia para a segunda guerra, e fornecer suprimentos e recursos necessários para auxiliar a Europa a se reconstruir, os Estados Unidos ditaram o novo modelo econômico a ser seguido a partir daquele ponto. O fato de não ter um país devastado estruturalmente pela guerra, colocava-o em situação ímpar.

Ao mesmo tempo, outra potência – neste caso militar, formada pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), assume o papel de antagonista dos Estados Unidos, difundindo o Socialismo e dando início ao que ficou conhecido como Guerra Fria.

Uma luta travada entre dois sistemas econômicos, envolvendo questões financeiras, políticas e militares. De um lado o Capitalismo, com o poder centrado no processo de produção, nos lucros e na expansão econômica, gerenciado por grupos e empresas, e tendo o Estado como órgão regulador. Do outro lado, o Socialismo, em que o Estado assume o papel proprietário, controlando o sistema de produção e a regulação do lucro.

Com o término da Segunda Guerra, e com a morte e queda do governo alemão de Adolf Hitler, a própria Alemanha se vê dividida em duas partes: a Alemanha Ocidental, com relacionamento próximo dos países capitalistas europeus, e a Alemanha Oriental, socialista, e que passa a fazer parte do bloco liderado pela URSS, até então sua inimiga por conta da guerra.

Contudo, o pós-segunda guerra reflete em todo o globo terrestre. Na América Latina do pós-guerra ocorrem as ditaduras militares, intervenções do Estado diante da soberania política, na tentativa de evitar que seus países passem a aderir ao sistema socialista da URSS. A maioria dos países latinos é financiada pelos EUA, para conter a propagação do regime soviético.

Em 1950, a Coréia, pequeno país asiático, inicia um conflito interno. País dividido em norte (comunista, amparado pelos chineses e soviéticos) e sul (amparado pelos norte-americanos e aliados), os coreanos batalham por três longos anos, para tentar impor um sistema unificado de governo.

Inicialmente, a Coréia do Norte invade a Coréia do Sul, na tentativa de expandir o regime comunista. Contudo, as Nações Unidas, lideradas pelos Estados Unidos, enviam tropas de exército em apoio aos sul-coreanos, fazendo seus adversários norte-coreanos – juntamente com os aliados chineses, se renderem em 1953.

Após mais de cinqüenta anos do cessar fogo, em pleno século XXI, ambos os países ainda não assinaram um tratado de paz. Recentemente a Coréia do Norte tem aparecido nos meios de comunicação por conta de seus testes nucleares. Entretanto, sua situação econômica atual é péssima, diferente da Coréia do Sul, que goza de uma excelente reputação na educação, é altamente industrializado e tem um produto interno bruto per capita elevado, acima dos U$ 10 mil dólares.

Em 1959, o Vietnã, outro país asiático dividido em Vietnã do Norte, com regime comunista e apoiado pela URSS, e o Vietnã do Sul, com regime capitalista e apoiado pelos Estados Unidos entram em guerra. O Vietnã comunista avança suas tropas para assumirem o controle da porção sul do país, e os Estados Unidos, que atuavam da Guerra com apoio à parte Sul, se viram obrigados a se retirar do conflito. Desta forma, o Vietnã assume totalmente o regime comunista, apoiado pela URSS.

Em Cuba, no ano de 1959, Fidel Castro, lidera uma força revolucionária, que conta com a participação do argentino Ernesto Guevara de la Serna, conhecido mundialmente por Che Guevara, e provoca a queda do ditador cubano Fulgêncio Batista – que abandona o país em 1º de janeiro deste ano.

O ponto interessante desta história é que na ocasião da Revolução, Fidel não era um comunista, mas sim Fulgêncio, que inclusive era apoiado pela URSS. Como resultado dessa revolução, foi instalada uma ditadura imposta por Fidel, que se mantém até os dias de hoje. Porém, em 19 de fevereiro de 2008, Fidel renuncia ao governo por problemas de saúde, mas transfere o poder para as mãos de seu irmão, Raúl Castro. Historicamente, Raul foi eleito pela Assembléia Nacional de Cuba.

No Brasil, estoura o golpe militar em 1964, com a queda do então presidente João Goulart, para a posse do General Humberto de Alencar Castelo Branco. A explicação para tal ato fora a de que João Goulart estaria se preparando para entregar o Brasil “nas mãos de soviéticos”, transformando o país em um regime socialista. O Golpe teve apoio da Sociedade Civil, da Igreja, e de empresários de diversos setores, além do apoio do governo norte-americano.

E é na Alemanha que a Europa tem o principal acontecimento deste momento histórico: a construção do Muro de Berlin, em 13 de agosto de 1961. Este ato significa uma ruptura total dentro da própria Alemanha, uma tensão dentro de uma única nação e ainda um reflexo conturbado do que ainda seria a Europa naquele instante.

Ao mesmo tempo em que se armavam para a Guerra Global, países socialistas viam, dia após dia, suas economias se distanciarem da realidade tecnológica do mundo capitalista, liderado pelos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Não possuíam empresas multinacionais com força econômica, não dominavam tipos diferentes de tecnologia - a não ser as relacionadas às guerras e à tecnologia espacial, e não tinham capital suficiente para disputar espaço no mundo real.

Por outro lado, o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos salta ano após ano para cima, suas multinacionais se tornam cada vez mais fortes e influentes, e seu modo de vida é cada vez mais propagado. Empresas como McDonald´s e Coca-Cola são referências quase divinas ao redor do mundo. Nos anos 1960, eles desenvolvem a internet como meio de troca de informação rápida, para combater os russos na Guerra Fria, e nos anos 1970 já começam a utilizar o telefone celular para realizar ligações.

A partir daí, o mundo todo passa a se transformar cada vez mais rápido. E nos anos 1980, iniciam as grandes transformações políticas. No Brasil, chega ao fim a ditadura militar, no ano de 1985. Na Alemanha, em 9 de novembro de 1989, ocorre o maior acontecimento de todos, a “queda do Muro de Berlim”, praticamente encerrando a Guerra Fria, tornando a Alemanha uma única nação, abandonando o lado socialista.

Em setembro de 1991, outro feito importante, é decretado o fim da URSS, com a dissolução das repúblicas soviéticas. Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia agora são países independentes, que lutam por suas economias, pelo seu sustento e pelo próprio desenvolvimento.

Países até então socialistas passam a se aproximar do bloco capitalista; aos poucos a televisão, o computador, a internet e a telefonia passam a colocar o mundo em comunicação plena, encurtando distâncias. O modelo de vida propagado pelos Estados Unidos, de consumo excessivo, desenvolvimento da carreira profissional e o status social passam a despertar no restante do mundo a mesma vontade.

Tudo passa a ser resultado do marketing, valorização das ações na bolsa de valores, todos querem ter uma boa estratégia de negócios, uma boa imagem, um bom produto ou serviço, e um atendimento diferenciado. Produtos e serviços passam a ser personalizados, os valores sociais passam a ter um teor diferente, surgem novas realidades, novos formatos de família, a vida solitária crescendo cada vez mais.

Quando passamos pela porta do século XXI, adentramos à era da tecnologia digital, das telecomunicações integradas à informática, da robótica, da nanotecnologia. A maior guerra de hoje é a da conquista por um lugar ao sol. Somos, todos do globo terrestre, conseqüência dos acontecimentos da segunda grande guerra.

O mais importa é tirarmos uma grande lição de tudo que aconteceu nos últimos sessenta anos, e aplicarmos os ensinamentos em nosso dia a dia pra construirmos uma sociedade melhor, um mundo mais justo, mais igual. A tecnologia que hoje dispomos, permite isso. Basta que cada um faça sua parte. Afinal, somos efeitos da globalização.

Escrito por Alberto Granato.

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