Quando olhamos as estimativas de crescimento dos países, após o tsunami que foi a crise global iniciada em 2008, temos nos deparado constantemente com uma projeção brasileira do PIB em torno de U$ 2,0 trilhões a U$ 2,5 trilhões de dólares, para o ano de 2020. Se esses dados se concretizarem, a economia brasileira será menor apenas que a dos Estados Unidos, Japão, China e Alemanha. Sim, nós temos condições de ser uma das cinco maiores economias do planeta. E em apenas dez anos.
Esses dados nos fazem refletir bastante e pensar no que isso significa. Por exemplo, ao olharmos para a infra-estrutura brasileira, enxergamos que ainda há muito por fazer. Todos sabemos que são muitos os problemas, mas antes de citá-los, e começar aqui uma sabatina aos políticos e a nossa história de democracia deficiente, prefiro, como empresário e cidadão que busca ter consciência do que é desenvolvimento econômico, enxergar quais são os potenciais disponíveis para investirmos, as áreas que estão em pleno crescimento, e encontrar oportunidades para trabalho.
Vejo muita gente criticando, mas acredito que quem quer de fato fazer algo não fica lamentando pelos cantos. "Arregaça as mangas e vai à luta". Foi assim que países como os Estados Unidos, Japão, Alemanha e França fizeram para crescer: trabalhando, arriscando, investindo, quebrando a cara e aprendendo a levantar para se tornarem altamente industrializados.
Países em desenvolvimento, como China, Índia, Rússia e o próprio Brasil têm necessidades básicas que precisam ser corrigidas, para se posicionarem como potências, de fato, industrializadas. E isso, nessa altura do campeonato, pode ser encarado de forma positiva.
Um exemplo disso está em nossas rodovias. O Brasil tem hoje cerca de 1.800.000 quilômetros de estradas e rodovias. Desse total, apenas 200.000 quilômetros são pavimentadas, e a grande maioria, cerca de 1.600.000 quilômetros, são sem pavimentação (sim, as nossas intermináveis estradas de terra).
Logo, imaginamos que há muito trabalho a ser feito, e muita coisa a ser construída. E para quem viaja de carro pelo Brasil hoje, não é difícil se deparar com os inúmeros canteiros de obra, ao longo de milhares de quilômetros de novas rodovias, que estão a surgir.
Um exemplo disso está na duplicação das rodovias entre Curitiba e Porto Alegre. Para percorrer a distância total são cerca de 700 quilômetros. A maior parte já está pronta, a começar por Curitiba até Florianópolis; são cerca de 300 quilômetros duplicados. Também pronta há bastante tempo está a Freeway, rodovia duplicada do Rio Grande do Sul que liga parte do interior até a capital, Porto Alegre. No meio do caminho está o ponto crítico: são cerca de 300 quilômetros que estão em obras de inicialização ou finalização. Uma parceria entre empresas públicas e privadas que tem dado resultado.
Aproveitando este gancho sobre parceria público-privado, as PPPs, acredito que a função do Estado seja definir os projetos e supervisionar as ações, e cabe exclusivamente às empresas privadas a função de execução. Ao contrário do que muita gente imagina, as licitações são sim um meio extremamente eficiente de compra e venda que o governo utiliza. Não é o sistema que apresenta problemas, mas sim algumas pessoas que o operam ou empresas que dele fazem parte.
Outro entroncamento importante, o trecho Rio de Janeiro até Salvador, com uma distância de 1.600 quilômetros aproximadamente, carece urgentemente de duplicação. Parte desse projeto está sendo colocado em prática. A partir do momento em que houver uma duplicação concreta ali, teremos um aumento do escoamento de cargas, redução do congestionamento e tempo de viagem, além de um grande potencial de exploração do turismo na região, realizado por automóveis.
Sem contar o número de vagas de emprego e movimento da economia que irá gerar. Tudo isso é benefício a favor do próprio país, da própria população. Em uma área tão carente, como a do interior do Rio de Janeiro, do Espirito Santo e da Bahia, a contratação de um grande número de trabalhadores ali significa mais alimento na mesa do brasileiro, sem a demagogia dos cartões de auxílio à miséria.
Contudo, o maior exemplo de desenvolvimento vem da Rodovia Presidente Dutra, que liga a cidade de São Paulo a cidade do Rio de Janeiro. São 402 quilômetros daquela que é a rodovia com maior fluxo de veículos diários, cerca de 500.000. Responsável por ligar as duas maiores e mais importantes regiões produtivas do país, a Dutra, como é conhecida popularmente, leva progresso e desenvolvimento em toda sua extensão. Facilita, por exemplo, o escoamento da produção industrial da rica e desenvolvida cidade de São José dos Campos junto a São Paulo, ao porto de Santos e a outros estados brasileiros.
Porém, quando viajamos pelo interior do país, sentimos uma grande diferença de desenvolvimento. Rodovias em condições péssimas, em diversos trechos. A falta de sinalização, de segurança e de áreas de proteção são situações rotineiras. Contudo, aos poucos, a iniciativa privada está assumindo a responsabilidade de conservação das vias, em parceria com o Estado, o que irá melhorar, e muito, as suas atuais condições de uso.
Só que andando por aí, é comum, infelizmente, ouvir muita gente reclamando das rodovias pedagiadas. Porém, precisamos olhar as coisas por outro lado, e com outros olhos, e entender um pouco como as coisas funcionam. Tal prática de pedágio é bastante comum nos Estados Unidos e Europa. Afinal de contas, para manter um país funcionando, é preciso manutenção constante.
Mais ainda. Em São Paulo, estado brasileiro que possui as melhores condições das Rodovias e o maior número de quilômetros pedagiados, a qualidade do asfalto é muito boa. Além de oferecer melhor segurança para se trafegar, com maior controle na prevenção de acidentes, e atendimento eficiente em caso de colisões e acidentes graves, tem-se muito mais rapidez no fluxo do trânsito. Sem contar que a maioria dessas rodovias é monitorada por câmeras, o que facilita na identificação de acidentes, roubos, ou qualquer outro problema que ocorra. Logo, o sistema logístico é o melhor, mais eficiente e com maior quantidade de carga transportada da América Latina.
Por falar em roubo de cargas, de verdade nos deparamos com um problema grave em todo o país. Mas, através de recursos tecnológicos, como o monitoramento por câmeras, controle de deslocamento por GPS, e o sistema de desligamento automático do motor do veículo em caso de situação suspeita, as empresas passam a ter um controle maior da segurança de sua frota e da mercadoria transportada, além de terem condições de realizarem uma maior prevenção contra os crimes. E é claro que os custos com esses recursos são incorporados ao preço de nossos produtos e serviços, e sabemos bem disso quando entramos nos estabelecimentos comerciais ou pagamos a conta no fim do mês.
Ainda assim, as empresas e a sociedade em geral esperam uma atitude mais ostensiva do policiamento rodoviário no combate a criminalidade, afinal de contas, a função dos órgãos de segurança é manter o controle social em equilíbrio. E o Estado tem se preparado para isso. Investindo não só em viaturas e no aumento do seu corpo efetivo, mas investindo principalmente em treinamento e em novos recursos tecnológicos.
Hoje, nos deparamos com um país em profunda transformação. As empresas estão fazendo seu papel, assim como o Estado. Cabe a população, assim como os meios de comunicação, monitorar, cobrar e acompanhar cada uma dessas ações.
Cada indivíduo tem a obrigação de acompanhar, cobrar, reclamar, fazer valer a sua voz, seu voto e seu dinheiro pago em imposto e taxas diversas. Afinal, um país se constrói não somente com as mãos do governo ou das empresas. Um país se constrói com cada mão de cada cidadão que ali habita. E é de responsabilidade de todos construir o desenvolvimento, pois é um direito de cada brasileiro viver em um país mais justo, igualitário e com condições dignas de sobrevivência.
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